quarta-feira, 20 de março de 2013

Subordinação, coordenação e correlação







  Segundo Maria Virginia Duarte podemos dizer que na organização do período, duas operações principais estão em jogo: a subordinação e a coordenação. Percebe-se que todos os termos articulados com o (s) predicador (es) estabelecem com ele (s) uma relação de subordinação, isto é, exercem nele (s) uma função sintática (equivale a ser dependente sintaticamente ou “estar subordinado”).
   Por outro lado, na coordenação os termos encontram-se simplesmente coordenados, ou seja, não desempenham função sintática um no outro, o que significa dizer que são “independentes sintaticamente um do outro”.
  De acordo com a gramática tradicional as orações coordenadas são apresentadas como independentes enquanto que as subordinadas são apresentadas como dependentes.
  No entanto tal definição é incompleta, uma vez que não esclarece com precisão em que aspecto ocorre a independência de tais orações, fato que compromete, muitas vezes, os exemplos utilizados pelo professor na tentativa de demonstrar tal evento para o aluno. 
  Observando-se os exemplos abaixo retirados do site http://www.prac.ufpb.br/anais/xenex_xienid/xi_enid/monitoriapet/ANAIS/Area4/4CCHLADLCVMT01.pdf, é possível verificar que, embora se trate de uma conjunção coordenativa aditiva, ora o e exerce um valor semântico de adição ora de adversidade ou oposição, respectivamente.
(1) Ele comprou a passagem e partiu no primeiro trem.
(2) Ele comprou a passagem e não viajou.
 Estruturalmente, ambas as orações são independentes do ponto de vista sintático, entretanto em (2) há uma dependência semântica a qual permite aproximar o sentido do conectivo aditivo e ao do sentido adversativo do conectivo mas/porém
 Também as adversativas demonstram ter uma relação estreita com as orações subordinadas adverbiais concessivas. Enquanto aquela transmite a ideia de oposição sem realçar a informação destinada ao interlocutor, isto é, não o prepara para a notícia que se segue. Observe os exemplos:
(5) Estava atento, mas não percebeu nada.
(6) Embora estivesse atento, não percebeu nada.
(7) Estudou bastante, porém não passou nos exames.
(8) Apesar de ter estudado bastante, não passou nos exames.
  Apesar de em (5) e (7) termos orações coordenadas adversativas e em (6) e (8) termos orações subordinadas adverbiais concessivas, em todas elas está contida uma ideia de oposição/ concessão.
 Partindo-se dessa constatação, percebemos que as subordinadas são dependentes tanto do ponto de vista sintático quanto semântico, enquanto que as coordenadas apesar de serem sintaticamente independentes, são semanticamente dependentes.

  Tomando-se por base Oiticica(1942;1952), Barreto (1992) e Castilho (2002) entende-se por correlação o mecanismo de estruturação sintática ou o procedimento sintático em que uma sentença estabelece uma relação de interdependência com a outra no nível estrutural. Sendo assim, na correlação, nenhuma das orações subsiste sem a outra, porque, na verdade, elas são interdependentes.
 De acordo com a perspectiva tradicional, as orações podem ser sindéticas (conjunção expressa) e assindéticas (sem a conjunção expressa).
 Pela abordagem tradicional, a correlação envolve orações classificadas como coordenadas e como subordinadas.
 Oiticica propõe uma trilogia para as orações em que distingue quatro processos sintáticos: coordenação, subordinação, correlação e justaposição.
  Segundo ele, nem todas as orações subordinadas adverbiais funcionam como adjuntos e consecutivas e comparativas são correlatas.
 Segundo Violeta Violeta Virginia com base em observações concretas, pode-se defender a existência de orações correlatas que não estão contempladas na NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira). Na realidade, haveria três processos de organização do período composto: coordenação, subordinação e correlação.
 Na correlação duas orações são formalmente interdependentes, relação esta materializada por meio de expressões correlatas. Defender a classificação de orações como correlatas implica considerar a correlação como um processos sintático diferente, e não simplesmente uma variante da coordenação e da subordinação.
 Para o ensino mais produtivo da Língua Portuguesa, em termos de análise sintática deve-se considerar a correlação como sendo uma categoria fundamental para a descrição das estruturas linguísticas de um texto.
 



Um comentário:

  1. Muito boa sua explicação. Me ajudo muito na elaboração de um trabalho acadêmico. Por favor, não pare de me ajudar! rs

    Obrigado. ^^

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