Segundo Maria Virginia Duarte podemos dizer que na organização do
período, duas operações principais estão em jogo: a subordinação e a
coordenação. Percebe-se que todos os termos articulados com o (s) predicador (es)
estabelecem com ele (s) uma relação de subordinação, isto é, exercem nele (s)
uma função sintática (equivale a ser dependente sintaticamente ou “estar
subordinado”).
Por
outro lado, na coordenação os termos encontram-se simplesmente coordenados, ou
seja, não desempenham função sintática um no outro, o que significa dizer que
são “independentes sintaticamente um do outro”.
De acordo
com a gramática tradicional as orações coordenadas são apresentadas como
independentes enquanto que as subordinadas são apresentadas como dependentes.
No
entanto tal definição é incompleta, uma vez que não esclarece com precisão em
que aspecto ocorre a independência de tais orações, fato que compromete, muitas
vezes, os exemplos utilizados pelo professor na tentativa de demonstrar tal
evento para o aluno.
Observando-se
os exemplos abaixo retirados do site http://www.prac.ufpb.br/anais/xenex_xienid/xi_enid/monitoriapet/ANAIS/Area4/4CCHLADLCVMT01.pdf, é possível verificar que, embora se trate de uma
conjunção coordenativa aditiva, ora o e exerce um valor semântico de
adição ora de adversidade ou oposição, respectivamente.
(1) Ele
comprou a passagem e partiu no primeiro trem.
(2) Ele
comprou a passagem e não viajou.
Estruturalmente, ambas as orações são
independentes do ponto de vista sintático, entretanto em (2) há uma dependência
semântica a qual permite aproximar o sentido do conectivo aditivo e ao do
sentido adversativo do conectivo mas/porém
Também as adversativas demonstram ter uma
relação estreita com as orações subordinadas adverbiais concessivas. Enquanto
aquela transmite a ideia de oposição sem realçar a informação destinada ao
interlocutor, isto é, não o prepara para a notícia que se segue. Observe os
exemplos:
(5)
Estava atento, mas não percebeu nada.
(6)
Embora estivesse atento, não percebeu nada.
(7)
Estudou bastante, porém não passou nos exames.
(8)
Apesar de ter estudado bastante, não passou nos exames.
Apesar
de em (5) e (7) termos orações coordenadas adversativas e em (6) e (8) termos
orações subordinadas adverbiais concessivas, em todas elas está contida uma ideia
de oposição/ concessão.
Partindo-se dessa constatação, percebemos que
as subordinadas são dependentes tanto do ponto de vista sintático quanto
semântico, enquanto que as coordenadas apesar de serem sintaticamente independentes,
são semanticamente dependentes.
Tomando-se
por base Oiticica(1942;1952), Barreto (1992) e Castilho (2002) entende-se por
correlação o mecanismo de estruturação sintática ou o procedimento sintático em
que uma sentença estabelece uma relação de interdependência com a outra no
nível estrutural. Sendo assim, na correlação, nenhuma das orações subsiste sem
a outra, porque, na verdade, elas são interdependentes.
De acordo com a perspectiva tradicional, as
orações podem ser sindéticas (conjunção expressa) e assindéticas (sem a
conjunção expressa).
Pela
abordagem tradicional, a correlação envolve orações classificadas como
coordenadas e como subordinadas.
Oiticica
propõe uma trilogia para as orações em que distingue quatro processos
sintáticos: coordenação, subordinação, correlação e justaposição.
Segundo
ele, nem todas as orações subordinadas adverbiais funcionam como adjuntos e
consecutivas e comparativas são correlatas.
Segundo Violeta Violeta Virginia com
base em observações concretas, pode-se defender a existência de orações
correlatas que não estão contempladas na NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira). Na realidade, haveria três
processos de organização do período composto: coordenação, subordinação e
correlação.
Na
correlação duas orações são formalmente interdependentes, relação esta
materializada por meio de expressões correlatas. Defender a classificação de
orações como correlatas implica considerar a correlação como um processos
sintático diferente, e não simplesmente uma variante da coordenação e da
subordinação.
Para o
ensino mais produtivo da Língua Portuguesa, em termos de análise sintática
deve-se considerar a correlação como sendo uma categoria fundamental para a
descrição das estruturas linguísticas de um texto.
Muito boa sua explicação. Me ajudo muito na elaboração de um trabalho acadêmico. Por favor, não pare de me ajudar! rs
ResponderExcluirObrigado. ^^